A tarefa do herói mítico [eu/ego humano] é liberar essa semente divina atemporal e eterna do obscuro abraço da matéria (identidade ego-Self). Segundo Paracelso: “Santo é o espírito que acende a luz da natureza.” A “Lumen naturea”; é a luz oculta na escuridão, cujo qual nos desperta para a natureza divina da vida através da beleza da sua revelação. Essa luz oculta é a “Lumen Dei” – a luz divina.
A natureza, por sua vez, representa a anima mundi (a alma do mundo; o ser feminino; a outra face inconsciente presente na imago (imagem) de Deus e que se encontra aprisionada nos quatro elementos (fogo, água, ar e Terra), ou seja, na matéria. Tais elementos são em termos psicológicos, respectivamente: pensamento, sentimento, intuição e sensação, veículos pelos quais a consciência viaja.
Conforme Jung (2013, p. 174): “A lumen naturea é a luz da própria escuridão; ela clareia sua própria obscuridade, e o escuro compreende esta luz; por isso ela transforma o negro em claro” [...]. Nessa revelação, vemos que todas as coisas são únicas e que todas as coisas são uma, descobrimos a relação das partes com o todo.
A luz divina [...] é a personificação arquetípica [...] do que Jung identificava como espírito [éter], especialmente o espírito como conhecimento ou sabedoria, Logos em todas as suas muitas formas e muitos efeitos [...] uma força que vem de dentro, um vigor mágico que guia e fortifica a pessoa em suas lutas interiores. (HOPCKE, 2012, p. 135)
Na biblioteca de textos gnósticos denominada Nag Hammadi, a figura de Sophia aparece no texto “o trovão, a mente perfeita,” da seguinte maneira: Sim, eu sou a primeira e a última (Alfa e Ômega), sou a honrada e a desdenhada. Sou a meretriz e a sagrada. Sou a esposa e a virgem. Sou (a mãe) e a filha. Sou os membros de minha própria mãe. Sou o silêncio incompreensível e a ideia cujo lembrança é frequente. Sou a voz (o Verbo; o Logos – o Mundo Arquetípico e Uno) cujo o som reverbera e sou a palavra que se repete. Sou a expressão vocal do meu nome – Sophia (Sabedoria Divina) (CORBETT, 1997).
Portanto, o Logos/espírito (Cristo) possuí o mesmo valor que Sophia (Eros/alma) – a feminina personificação da sabedoria, sendo ela o seu par complementar (Sizígia; mãe e noiva). Assim vemos no livro canônico da Sabedoria 9:9: “Convosco está a sabedoria, aquela que conhece vossos trabalhos, aquela que estava presente quando fizestes o mundo.” Essa é uma alusão simbólica a unidade primordial dos opostos, onde espírito e alma coabitavam juntos em união. Em outro texto canônico de Salomão, ela é reconhecida tanto como a noiva de Deus, como a mãe, e a amante que estava com o altíssimo antes da criação. Vejamos o que diz Provérbios 8:23-30, ela é: “O ser feminino que é a íntima companheira do altíssimo desde os primórdios da criação, foi a primeira a nascer dentre todas as criações de Deus e, é um reflexo imaculado da sua preciosa glória e um Mestre - Arquiteto de suas obras” (BÍBLIA, 2009).
Está escrito em 1 Gênesis 2: “E a terra era sem forma e vazia; e havia trevas sobre a face do abismo; e o Espírito de Deus se movia sobre as águas. No livro canônico da Sabedoria 9:9 está escrito: “Convosco está a sabedoria (a personificação feminina de Deus - Sophia celeste), aquela que conhece vossos trabalhos, aquela que estava presente quando fizestes o mundo.” Em outro texto canônico, ela é reconhecida tanto como a noiva de Deus, como a mãe, e a amante que estava com o altíssimo antes da criação.
No livro apócrifo da Sabedoria escrito por Salomão, ela surge como: “O sopro do poder de Deus” (sopro vital; manar de vida; atma), emanação pura fluindo da glória do Todo-poderoso, “brilho da luz eterna, espelho límpido do poderio de Deus, “a mais sutil dos seres, que “passa e ultrapassa todas as coisas devido a sua pureza.” É uma conhecedora profunda de Deus”, e o próprio senhor de todas as coisas a amava.” Ela é enviada do céu e do trono da glória como um “Espírito Santo” (CORBETT, 1997).
Para uma melhor compreensão assista o vídeo da origem primordial que está no feed do nosso Instagram. 💫
Comments